Com tantas mudanças e incertezas trazidas com a pandemia do novo coronavírus, o número de pessoas com estresse e ansiedade dobrou no Brasil, de acordo com pesquisa realizada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Além do medo de contágio e outras questões intrínsecas a cada indivíduo, um dos fatores que contribuem para este cenário é a grande quantidade de informações que são consumidas. “Eu não tenho dúvidas que essa enxurrada de informações pode sim, e vai prejudicar muito a saúde mental das pessoas, com isso, a tendência é haver uma intensificação muito grande da ansiedade dos sujeitos”, destaca Zacarias Ramalho, professor de Psicologia da Estácio.
De fato, esse mal já foi apontado em 1996 pelo físico espanhol Alfons Cornella, que deu o nome de “infoxicação” – um neologismo entre os termos informação e intoxicação – para esta situação. Agora, com o novo coronavírus, a Organização Mundial da Saúde fala em “infodemia”, que é um excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa. Todo esse excesso pode gerar ansiedade e angústias, principalmente quando a fonte de informação vira uma fonte de pânico.
Para o psicólogo Zacarias Ramalho, uma forma de evitar esses sentimentos é conseguir controlar o que se consome nos canais de informação. “É importante tentar filtrar essas informações, se fazer questionamentos como: qual a relevância dessa informação para a minha vida? O que ela vai acrescentar? A fonte é confiável? Eu estou me baseando por uma fonte que tem um certo grau de fidedignidade? É muito importante fazer essas reflexões para amenizar algumas questões de sofrimento. Estamos vivendo uma enxurrada de notícias que, quer queira, quer não, têm um impacto negativo sobre a nossa mente, sobre a nossa psique”, aponta o professor.
O especialista indica que o melhor é ponderar sobre a quantidade de informações a que se tem acesso e fazê-lo por fontes seguras. Zacarias recomenda tirar um momento do dia para se informar e, principalmente, consumir notícias que vão auxiliar neste cenário. Ou seja, não é para se desligar completamente, afinal, saber como se prevenir, quais as orientações dos órgãos de saúde e como está a situação do país, é necessário para conseguir tomar as melhores decisões durante a pandemia. O ideal mesmo é conseguir equilibrar a quantidade de notícias.
Outro fator que pode ajudar neste momento é dedicar períodos do dia para atividades de lazer, como assistir filmes ou ler livros. Além disso, o professor recomenda que esse também seja um momento de planejamento. “Uma hora esse cenário vai passar, então quando eu planejo meu futuro eu consigo criar expectativas, e o nosso intuito hoje é criar expectativas, criar possibilidades. Então, para prosseguir, é preciso criar um plano, com isso eu tenho uma melhoria na qualidade de vida e uma diminuição dessa angústia”, finaliza Zacarias.
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