Uma das áreas que podem estar mais comprometidas na vida dos pacientes com Transtorno do Espectro Autista é a comunicação. Além de dificuldades com a interação social, pacientes com TEA podem apresentar alterações na linguagem oral e escrita, tendo como consequência um aprendizado com muito mais obstáculos.
Nesses casos, o diagnóstico precoce é essencial para que as terapias que auxiliam no processo de comunicação e aumentam a qualidade de vida do paciente tenham um melhor resultado. “Existem alguns sinais nos marcos de desenvolvimento da linguagem que podem estar alterados em pacientes com TEA, como a ausência do sorriso social, pouco contato visual, dificuldades relacionadas a capacidade de apontar objetos ou realizar imitação. É importante que os pais estejam atentos e busquem uma avaliação profissional ainda na primeira infância”, explica Helena Silva, fonoaudióloga da Clínica de Atendimento Personalizado em Terapias Avançadas (Cliap) – referência em atendimento de crianças e adolescentes com autismo em Natal.
“Se a criança não olha quando é chamada, apresenta pouca interação social e atraso nestes marcos do desenvolvimento, já é algo a se observar, pois muitas crianças com autismo podem apresentar esses comportamentos”, orienta a fonoaudióloga. “O esperado é que uma criança produza as primeiras palavras entre 1 ano e 1 ano e seis meses, e caso os pais percebam atraso nesses pontos, já é indicado procurar um especialista”, alerta.
Na Cliap, uma das terapias utilizadas para auxiliar as crianças com pouca comunicação verbal e linguagem pouco ou não funcional é o Picture Exchange Communication System (PECs). O método científico, desenvolvido nos EUA, utiliza a troca de figuras de modo que estimula a criança a se comunicar e pode ser utilizado como uma comunicação alternativa ou aumentativa.
“Primeiro é feita uma avaliação para verificar quais habilidades estão alteradas nos níveis de linguagem da criança e assim escolher o melhor método terapêutico. No PECs, que tem sido muito utilizado para crianças com autismo, nós trabalhamos para que ela consiga se comunicar de um modo mais funcional, ampliar o vocabulário, aprender a construir frases, a responder perguntas, e assim conseguir se expressar”, explica Helena.
De acordo com a fonoaudióloga, mesmo tendo como metodologia o uso de imagens, o PECs não impede que o paciente desenvolva ou amplie a oralidade, pois a imagem pode funcionar como um apoio. “Tenho um paciente de 6 anos que mesmo sendo uma criança verbal, não conseguia se comunicar de forma eficaz, fazia generalizações e apresentava muita ecolalia – que é quando se repetem as palavras sem intenção ou função comunicativa, e após cinco meses de intervenção terapêutica com o método PECS, ele apresentou uma ótima evolução: ampliou o vocabulário, passou a construir frases e a se expressar super bem verbalmente.”, comenta.
Além do trabalho desenvolvido em consultório, Helena destaca a importância do apoio familiar para a evolução da comunicação da criança. “É muito importante que a família busque seguir as orientações dadas pelo profissional que acompanha o paciente, sempre atuando de modo conjunto com a equipe terapêutica, estimulando a criança em casa por meio do brincar, da leitura de histórias e das cantigas infantis, sempre falando de forma clara e olhando para a criança, porque essas atitudes podem auxiliar na estimulação de muitos elementos importantes para a comunicação e o desenvolvimento”.
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