No último dia 30, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatizou que o Brasil precisa levar o aumento no número de casos de Covid-19 a sério. “O Brasil teve seu ápice em julho. O número de casos estava diminuindo, mas em novembro os números voltaram a subir. O Brasil precisa levar muito, muito a sério esses números. É muito preocupante”, disse. A declaração de Tedros acontece uma semana após dados do Imperial College de Londres apontarem que a taxa de transmissão do novo coronavírus ter sido a maior desde maio. No balanço divulgado no último 24, o índice passou de 1,10 no dia 16 de novembro para 1,30 na semana que começou no dia 23 de novembro, o que representa o avanço da doença e que cada 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 130.
Com esses dados, fica claro que, além de não estarmos livres do vírus, é necessário reforçarmos os cuidados, em especial com o grupo de risco, como gestantes, lactantes, idosos e pessoas com condições médicas preexistentes.
A coordenadora do curso de Fisioterapia da Estácio, Ana Fraga, revela como o trabalho de fisioterapia respiratória preventiva pode ajudar os integrantes do grupo de risco a passarem pela doença com maior conforto e chances de sobrevida.
“A parte respiratória tem que ser bem trabalhada, pois não sabemos o tipo de sequela que a pessoa poderá ter. As pessoas esquecem que o foco não pode ser apenas na doença em si, mas também na prevenção. A fisioterapia respiratória preventiva é de extrema importância para pessoas do grupo de risco, pois ela pode fortalecer os pulmões com a realização de exercícios respiratórios regulares que aumentam sua capacidade de resistência”, explica.
Segundo Ana Fraga, por se tratar de uma doença nova da qual ainda não se sabe tudo e nem as sequelas que ela pode deixar no paciente, a fisioterapia respiratória preventiva é recomendada em todos os estágios da Covid-19. “Após essa patologia, o organismo fica debilitado, como em qualquer outra, e pacientes que realizam o tratamento fisioterapêutico tendem a se recuperar mais rápido, tendem a melhorar e fortalecer o sistema respiratório, uma que vez o fisioterapeuta irá trabalhar não apenas a parte respiratória, mas todas as musculaturas envolvidas nesse processo, o que faz com que o corpo todo se recupere mais rápido”.
Ana diz ainda que é importante realizar o acompanhamento fisioterapêutico mesmo depois que o paciente já se recuperou da Covid, no intuito de prevenir supostas sequelas que possam surgir. “Tudo para nós é novo em relação ao coronavírus. Os estudos ainda são muito rasos e por isso a prevenção se faz tão necessária”, destaca.
O trabalho do fisioterapeuta contra a Covid-19
A pandemia vem colocando em foco diversos profissionais, especialmente os da área de saúde. Um deles é o fisioterapeuta, que vem ganhando ainda mais destaque pelo auxílio no tratamento de pacientes com Covid-19, seja na reabilitação de casos que deixaram grandes sequelas ou nos diagnósticos mais simples.
De acordo com Ana, o fisioterapeuta atua em todo o percurso da doença, começando pelo trabalho preventivo, e, claro, na aplicação da fisioterapia respiratória como tratamento eficiente, tanto em casos mais simples quanto nos mais complexos da Covid – aqueles que demandam de internação e levam muitos pacientes à UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
A coordenadora conta que todo o tratamento fisioterapêutico é traçado pelo fisioterapeuta, que avalia o paciente de forma contínua. “Monitoramos a evolução do paciente a fim de sabermos quando mudar o tratamento ou até mesmo se é tempo de dar alta. Nosso tratamento é global, verificando o paciente como um todo”.
A coordenadora explica ainda que nos casos de pacientes que durante o tratamento necessitaram de suporte mecânico respiratório, ele precisará ainda mais da fisioterapia para recuperar-se, visando devolver a esse paciente a autonomia respiratória, o que só pode ser obtido com os exercícios indicados. “A maioria de pacientes nessa situação precisam de uma reeducação respiratória”.
Mercado de trabalho para a Fisioterapia
A coordenadora do curso de Fisioterapia da Estácio também falou a respeito do mercado profissional do fisioterapeuta na atualidade, explicando que a profissão está em evidência, assim como outras áreas da saúde, em função da pandemia do Coronavírus. Ela apontou a necessidade de atualização e especialização constante do profissional para acompanhar as demandas que surgiram durante a pandemia e que ainda podem surgir no pós-pandemia.
De acordo com Ana, muitas pessoas não tinham noção do que era, por exemplo, extubação – procedimento em que a ventilação mecânica (Intubação) é removida – e de que esse procedimento é realizado por um fisioterapeuta. “Hoje, a profissão está muito em evidência. Se formos pensar só em Covid, vamos pensar que as especializações precisam ser voltadas para isso, como todas as áreas médicas, mas não sabemos quais sequelas essa patologia irá deixar. Se pensarmos nos problemas renais ou neurológicos, por exemplo, podemos imaginar em especializações nessas áreas. Abriu-se um leque maior ainda dentro da fisioterapia”.
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