Na contramão de um mundo virtual cada vez mais rápido, surge um movimento que propõe diminuir a velocidade na produção de conteúdo: o slow content, ou “conteúdo lento” em português. 

A ideia é ter como prioridade a qualidade do material produzido, em vez do timing ou da “quantidade ideal” de posts que, teoricamente, vai ajudar o algoritmo da rede social a funcionar ao seu favor. No slow content, menos, bem planejado e executado com cuidado, é mais. Ainda não conhece essa corrente? Vamos te explicar como funciona!

Como fazer slow content

O que é slow content?

O slow content é uma tendência na comunicação inspirada por uma mudança comportamental. Fora da comunicação, o slow living, slow food e slow fashion são uma nova proposta no modo de viver atual. E no marketing digital não poderia ser diferente.

Em vez de criar publicações de acordo com um cronograma de 3 posts no feed, 8 stories por turno, vídeos para o reels, IGTV e lives, o segredo de como fazer slow content é ir no ritmo da marca/do produtor e do público

 

via GIPHY

Se a partir da Revolução Industrial, a produção em massa era vista como algo positivo, atualmente, a avalanche de informações e processos tem deixado todos saturados. Então, é hora de pisar no freio e diminuir a velocidade em benefício de uma qualidade melhor: de vida e de consumo.

Como surgiu o slow content?

Na batalha pela atenção dos seguidores, marcas e influenciadores estavam apostando em produzir mais, para aparecer com mais frequência e assim obter mais visualizações

Entretanto, com os consumidores mais ansiosos por novidades sempre e distraídos pela alta quantidade de conteúdo que recebiam em seus feeds, o ritmo dessa conta não fechava: publicações demais resultaram em uma queda na qualidade do material e, consequentemente, no interesse dos seguidores

 

via GIPHY

Além disso, essa produção frenética estava adoecendo tanto o público quanto os produtores. 

De acordo com uma pesquisa da Squid, plataforma para conectar influenciadores e marcas, 78% dos digital influencers se sentem ansiosos por causa do ritmo de produção que o Instagram exige.

Nas agências de publicidade, a sobrecarga de trabalho também é uma realidade, porque cada empresa demanda postagens demais de seus social media. 

A partir daí, foi preciso ressignificar a comunicação em massa no meio digital.

Por que sua marca deve aderir ao Slow Content?

O principal motivo pelo qual sua marca deve aderir ao slow content é que: ninguém está dando conta de consumir tantas postagens. Existe um fenômeno chamado de infoxication, ou infoxicação em português, que mostra que as pessoas estão sem conseguir tomar decisões diante de tanta informação. A palavra é um neologismo entre informação e intoxicação.

 

Com esse fenômeno em tempos de pandemia, em que as compras virtuais estão mais em alta do que nunca, o estratégico a fazer é se destacar. E como conseguir isso?  Definitivamente, não é postando demais e soterrando seu público em uma pilha de conteúdo. De nada adianta um conteúdo com alta frequência, mas superficial. 

Alguns posts podem permanecer na linha rápida, até por necessidade, uma promoção, uma data de oportunidade que combine com seu nicho. Mas fazer apenas isso é ser mais um na multidão.

Acrescente pautas pensadas para o slow content no planejamento e foque em ideias que reflitam a identidade da sua marca, fortaleçam sua autoridade no mercado e atenda às necessidades do seu público. Assim, você cria uma conexão para que seja o primeiro a ser lembrado pelo seu cliente ao precisar adquirir um produto do seu segmento.

Como fazer slow content

Não há fórmula. Ao contrário de um conteúdo fast food, que se replica sem critério algum, não existe uma receita ensinando como fazer slow content. É preciso muita análise da identidade da marca, do público-alvo, da mensagem que se quer transmitir e da melhor forma de fazer isso.

Sabe aqueles calendários que oferecem várias dicas para quando você não souber o que postar? Pode jogar fora. Slow content é sobre planejamento e tempo para executar boas ideias, não a primeira coisa que vier à sua mente.

Apesar de não existir um passo a passo, reunimos dicas com o básico para quem trabalha com marketing de conteúdo. Se sua marca já segue essas diretrizes, o caminho já está meio percorrido. Agora, é só aparar as arestas.  

  • Conheça seu público

Você deve ter reparado que falamos em atender as necessidades do público anteriormente. Isso porque o slow content segue o ritmo do criador e também do consumidor. Qual o ritmo do seu público? E da sua marca? 

Pense comigo: se sua loja oferece como proposta que o cliente tenha um momento para si mesmo, de relaxamento, como uma loja de velas perfumadas ou um espaço para uma pausa pro café, não faz sentido encher a timeline dos seguidores com posts. A quantidade pode até levar a um efeito contrário e irritar quem está recebendo.

  • Contextualize

Não faça só um post em slow content e depois nenhum mais, não é assim que a estratégia funciona. Contextualize, desenvolva uma linha de raciocínio e conte uma história em várias etapas, feitas quase que artesanalmente, com atenção a cada detalhe.

Você pode conferir nosso post sobre storytelling para saber um pouco mais sobre a técnica milenar para prender a atenção do seu consumidor.

Como fazer slow content: pesquise bastante.

  • Pesquise fora da caixa

Se as publicações vão ser feitas com mais cuidado, com tempo de maturação, elas não podem ser simples, não é mesmo? Procure referências fora do meio digital: livros, filmes, artigos acadêmicos, projetos em outros países. 

Toda fonte é válida para te inspirar a pensar em novos conteúdos interessantes.

  • Conteúdo de valor

E quer post mais interessante do que aquele que faz a diferença na vida das pessoas? Slow content e conteúdo de valor andam juntos: pense no que pode ajudar a resolver um problema ou lidar com uma dor do seu cliente. 

Esse tipo de material deve ser trabalhado com uma conversa mais aprofundada, não só mais uma arte na fila do designer que cuida das suas redes sociais. Talvez seja o caso de convidar um especialista para a conversa, preparar uma série de vídeos com edição especial, propor uma discussão envolvendo os usuários dos seus produtos ou serviços… 

Exemplo de como fazer slow content

Matheus Ilt

Um produtor de conteúdo que pode ser um ótimo exemplo de sucesso com um perfil de conteúdo desacelerado é o Matheus Ilt. Com posts bem planejados e espaçados entre si, tanto no feed quanto nos stories, Matheus mostra como fazer reformas, projetos de DIY e serviços em casa. 

 

O mais interessante é acompanhar a jornada de uma reforma no seu perfil. Apesar de demorar semanas, às vezes meses, entre cada publicação, seus seguidores são fiéis e esperam ansiosamente para ver os resultados, o que sempre traz um engajamento muito bom.

Irina Cordeiro

Outra produtora de conteúdo que trabalha bem a tendência slow é a chef Irina Cordeiro. Seus posts de receita fogem à nova regra de vídeos com menos de um minuto, nada de edições aceleradas e cortes secos. Para apresentar uma receita de bolo, por exemplo, Irina conta a história da sobremesa, como a receita em particular passou de sua avó para sua mãe, tudo com imagens muito bonitas e uma trilha sonora envolvente. 

Perfis que falam sobre a importância do Slow Content

Há ainda dois perfis que você pode seguir no Instagram para ficar ainda mais informado sobre a importância de fazer slow content e uma vida digital mais consciente. Um deles é o Tira do Papel e o outro é o Contente.vcAmbos falam sobre como criar conteúdo com constância, mas sem prejudicar a saúde mental do criador.

Praticar slow content não significa produzir pouco, mas redefinir o ritmo de publicações frenéticas em uma busca desesperada por audiência. 

Apesar de não render números altos e crescimento rápido no primeiro momento, é uma estratégia que resultará em uma audiência mais engajada e uma comunidade com os mesmos interesses, o que vale muito mais do que números

O slow content também vale para outras formas de comunicação digital: posts em blogs, email marketing e até mensagens em listas de transmissão do WhatsApp. Lembre sempre que o público agora está mais seletivo, e um conteúdo qualitativo chama muito mais atenção do que várias tentativas descartáveis. 

Caso você já não tenha compartilhado muita coisa antes de ler esse post, que tal dividir o nosso texto com seus seguidores? 

Compartilhe

Sobre o autor: Érika Oliveira

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Érika Oliveira atua há 5 anos com assessoria de comunicação e relacionamento com influenciadores. É Head de Relações Públicas na Letra A, e aqui, escreve sobre temas como presença na mídia, redes sociais e marketing de influência.

Fale conosco