No próximo sábado, 5 de setembro, é comemorado o Dia da Raça Brasileira. O marco foi criado no governo de Getúlio Vargas no ano de 1939, com o propósito de definir uma identidade brasileira única na tentativa para driblar essa dificuldade de homogeneização, devido à imensa gama de culturas e miscigenações.
Na mesma época e seguindo a onda positivista, a literatura também veio reforçar essa ideia de unificação. O antropólogo Gilberto Freyre despontava com sua obra Casa Grande e Senzala que defendia a tese de que o Brasil vivia numa democracia racial, o que foi começando a perder força a partir da década de 60, quando os movimentos negros começaram a ganhar mais força no país.
“Porém ainda que esta data tenha sido criada numa época de sentimento positivista, ainda assim podemos usar essa ‘comemoração’ para refletirmos sobre a situação dos indígenas e dos negros em nosso país. Será mesmo que existe uma raça brasileira?”, questiona Paulo Sergio Gonçalves, professor de Antropologia e Sociedade da Estácio.
Algumas obras de nossa literatura são básicas para compreendermos um pouco mais sobre o que é, de fato, a Raça Brasileira. E uma boa forma de aproveitar a data é conhecendo algumas delas e refletindo com os autores. Por isso, Gonçalves, que também é doutorando em Literaturas Africanas, indica cinco obras para incluir na lista de leitura.
Raízes do Brasil (Sergio Buarque de Holanda) – livro publicado no ano de 1936, é uma importante obra para se conhecer o processo de formação da sociedade brasileira. Sergio nos fala sobre o legado colonialista que se mostra como um obstáculo para o estabelecimento da democracia em nosso país.
Mito da democracia racial, O – um debate marxista sobre raça, classe… (Wilson Honório da Silva) – livro composto de arquivos que combatem a perspectiva da democracia racial no Brasil que diz que vivemos num país sem racismo.
Casa Grande e Senzala (Gilberto Freyre) – Nessa obra Freyre apresenta a importância da Casa Grande e da Senzala como lugares distintos na formação sociocultural brasileira. A obra também defende a importância da miscigenação ocorrida no Brasil a partir os portugueses que aqui se instalaram no processo de colonização. Uma obra importante para entender a ideia de Democracia Racial.
A integração do negro na sociedade de classes (Florestan Fernandes) – livro publicado no ano de 1964 pela primeira vez. A obra é a tese de Doutorado de Florestan e é considerada a tese mais famosa já defendida na USP. O livro traz uma abordagem que representa uma virada histórica na imagem que o Brasil apresentava de si próprio, ou seja, aqui Florestan discute a democracia racial como um mito construído através dos tempos. É um marco da Sociologia no Brasil.
Imigrantes No Brasil do Século XIX (Edilene Toledo e Jefferson Cano) – diante dos problemas políticos que assolavam a Europa, mais de 2 milhões de pessoas imigraram para o Brasil. O livro trata da história de algumas famílias brasileiras e traz um conhecimento histórico das dificuldades e da ascensão dos imigrantes em nosso país.
Compartilhe
Últimas notícias
Nossos clientes