Foi-se o tempo em que a figura do idoso podia ser associada ao indivíduo com pouca vitalidade ou disposição. O conceito, que pouco se aplica aos dias atuais, se desgastou à medida que ele se tornou velho para ser referir às pessoas que possuem mais de 60 anos ou que fazem parte da chamada terceira idade ou melhor idade. Nesta quinta-feira, 1º de outubro, comemora-se o Dia do Idoso, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reforçar a importância da proteção e para reavaliarmos nossas atitudes e percepções em relação a eles.
“Sempre fui apaixonada pelo Direito, fascinada pela advocacia. Agora que meus filhos estão grandes e criados, enfim, realizei meu sonho e me formei em Direito. Mas, não quero parar. Vou continuar estudando, dessa vez para passar no exame da OAB”, relata a entusiasmada Maria Heleneide Moraes, 60, que se formou no início deste ano no curso de Direito da Estácio Natal. Apaixonada pelo estudo, além desta graduação, também é formada em Letras e tem Especialização em Didática do Ensino.
Atualmente no Brasil há 18,9 mil universitários com idades entre 60 e 64 anos. Na faixa etária acima dos 65, o número é de 7,8 mil pessoas. Os dados incluem instituições públicas e privadas. As informações constam no Censo de Educação Superior de 2017, levantamento mais recente. Os números não especificam, no entanto, a quantidade de idosos que estão fazendo curso superior pela primeira vez.
Segundo Sonia Prado, psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Estácio, para entendermos quem é esse novo idoso é indispensável abandonar estereótipos e estar ciente que cada vez mais as pessoas, sobretudo as de mais idade, acreditam na sua capacidade de se manterem ativas e presentes na sociedade onde elas estão inseridas. “Hoje as pessoas com mais de 60 anos estão estudando, fazendo atividades físicas, empreendendo e buscando conhecimento que não estão associados a uma limitação genética ou de idade”, diz Prado.
Tornar-se uma pessoa velha, no olhar psicológico e social, é um evento com características humanas, que depende um pouco de como a pessoa está sendo percebida pela sociedade. “O idoso acumula experiências e essas experiências muitas vezes não são consideradas e percebidas pelos mais jovens. Normalmente quando o idoso acaba sendo prejudicado pelas limitações impostas pela própria sociedade, ele é simplesmente classificado ou rotulado com velho com base em aspectos físicos comuns ao envelhecimento sem se levar em consideração a sua capacidade mental”, explica Prado.
A fisioterapeuta Gabriela Kohns, professora do curso de Fisioterapia da Estácio, lembra que a partir dos 60 anos o organismo começa a passar por um intenso processo de modificação fisiológica que culmina na diminuição da acuidade visual, desmineralização óssea, perda de massa muscular, dentre outros fatores biológicos. A idade avançada requer atenção, mas de forma alguma exige que o idoso pare de levar uma vida normal, apenas que tome mais cuidado com relação às atividades que costuma realizar no seu dia a dia.
Para a fisioterapeuta, com um programa de exercícios físicos específicos é possível promover o fortalecimento muscular, melhorar a marcha, propiciar ganho de mobilidade, flexibilidade e equilíbrio entre os idosos. “Tanto na residência como no trabalho, pensando no bem-estar do idoso, é possível realizar intervenções ergonômicas, como a adaptação da mobília, a implantação de rampas de acesso e de barras de apoio em pontos estratégicos que irão evitar que ocorram quedas, um dos maiores vilões da terceira idade”, explica Kohns.
O idoso, seja o que esbanja vitalidade ou mesmo aquele mais tranquilo e contido, não pode ser mais visto ou percebido pelas pessoas como alguém que tem prazo de validade. Neste sentido a psicóloga faz um alerta importante ao lembrar que o envelhecimento físico é algo natural e que os idosos sabem que possuem algumas limitações físicas, mas nenhuma que limite o seu aprendizado, a sua interação social, o seu trabalho e a sua vida. “Neste 1º de outubro, Dia do Idoso, precisamos entender de uma vez por todas que cada vez os idosos acreditam na sua capacidade de se manter ativos na sociedade onde eles estão inseridos”, salienta Prado.
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