Especialista em Direito das Famílias ressalta que filhos são os mais afetados em situações de conflito entre ex-casais.
Casais separados quase sempre se deparam com um dilema nas datas festivas: com quem ficam os filhos nestas ocasiões? Com a proximidade do Dia dos Pais não é diferente, principalmente quando os ex-casais não têm bom convívio. A advogada Amanda Ferreira, especialista em Direito de Família, revela que, infelizmente, alguns pais enfrentam dificuldades para exercerem seu direito de convivência com os filhos, especialmente em datas especiais.
Segundo ela, a principal legislação sobre este tema é a Lei 13.058 (2014), que alterou Código Civil brasileiro e trouxe mudanças significativas no que diz respeito à guarda e ao direito de convivência dos pais com os filhos.
“De acordo com nossa legislação, a guarda compartilhada deve ser estimulada e considerada como a regra, mesmo na ausência de acordo entre os genitores, ou seja, ambos os pais devem participar ativamente da vida dos filhos, compartilhando a responsabilidade pelas decisões importantes e estabelecendo também uma convivência equilibrada e afetiva. É fundamental que pai e mãe compreendam a importância de cultivar uma relação saudável e afetiva com seus filhos, independentemente da dinâmica familiar após a separação, e isso pode ser alcançado com diálogo e respeito mútuo, além de cooperação entre as partes envolvidas, sempre priorizando o bem-estar e o desenvolvimento emocional do filho”.
Atraso em pensão não proíbe convívio paterno
Segundo Amanda, que é também professora do curso de Direito da Estácio, uma questão recorrente levada às instâncias judiciais é a prática de mães que impedem os filhos de conviverem com os pais devido ao atraso do pagamento de pensão alimentícia pelo genitor.
“O atraso no pagamento da pensão alimentícia não pode ser utilizado como motivo para restringir a convivência do pai com o filho, principalmente em datas especiais. Este é um direito fundamental e independente da obrigação de pagar pensão. Antes de se falar em direito-dever do pai, é direito do filho ter essa convivência. A criança ou adolescente muitas vezes já sofre por ter essa ausência de recursos materiais decorrente da falta do pagamento da pensão, e impedir que o pai tenha esse contato pode ser considerada uma dupla sanção”, esclarece a advogada.
A especialista explica que, em casos de pais proibidos pelas mães de terem contato com os filhos, a primeira medida indicada sempre é a conversa amigável, tentando buscar uma solução conjunta entre o ex-casal em prol da criança ou do adolescente.
“Caso esse diálogo não seja eficaz, o próximo passo seria verificar se existe algum acordo ou decisão judicial que regulamenta tanto a guarda quanto esse direito de convivência, onde deve-se compreender claramente os termos e as obrigações estabelecidos para ambos os pais. Na sequência, também deve-se considerar uma mediação familiar, uma vez que hoje se evita o máximo possível a busca por processos judiciais, adotando, por exemplo, a mediação por meio de um terceiro, como forma de viabilizar um melhor relacionamento entre aqueles envolvidos”, orienta.
Se todas essas tentativas de resolução amigável falharem, deve-se buscar então uma assistência jurídica especializada em Direito das Famílias, e esse advogado certamente vai conseguir orientar o pai sobre seus direitos e as medidas legais cabíveis para garantir o exercício dessa convivência. “Se for necessário, o pai poderá entrar com uma ação judicial, buscando o cumprimento do seu direito de convivência, com base no Código Civil, e também no princípio do melhor interesse da criança e do adolescente”, explica a advogada.
Filhos são os mais afetados em situações de conflito
A professora do curso de Direito da Estácio enfatiza que é importante a reflexão do pai e da mãe de que os filhos são os mais afetados nestas situações de conflito. Para minimizar esse impacto emocional, segundo a advogada, é fundamental que se busque adotar práticas conciliatórias em prol do bem-estar das crianças e dos adolescentes.
“A primeira dica é manter uma comunicação respeitosa: os pais devem tentar resolver suas questões por meio do diálogo, evitando discussões acaloradas na frente dos filhos. Uma comunicação calma e objetiva pode ajudar a encontrar soluções mais equilibradas para os conflitos. Além disso, é indispensável que se defina uma rotina de convivência bem estabelecida: um calendário claro e previsível para a convivência dos filhos com ambos os pais acaba trazendo uma segurança emocional para a criança, minimizando o impacto da separação”, destaca Amanda.
Incentivar a convivência afetiva também é uma dica importante. Os pais devem encorajar os filhos a desenvolverem uma relação saudável com o outro genitor, permitindo que expressem amor e afeto livremente. “Buscar soluções amigáveis é uma prática que deve ser priorizada, evitando disputas judiciais excessivas e, se for necessário, sempre optar por uma mediação ou uma negociação para resolver esses conflitos, uma vez que tais métodos podem acabar trazendo melhores resultados. É vital que se busque proteger a infância dos filhos, os pais não devem sobrecarregar as crianças com problemas emocionais ou discussões de adultos, permitindo que elas desfrutem plenamente dessa fase”, indica a profissional especializada em Direito das Famílias.
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