Proporcionar espaços de fala aos alunos e familiares pode somar no desenvolvimento social e aprendizagens
A escuta ativa é uma habilidade necessária para o bom desenvolvimento na aprendizagem e na saúde emocional das crianças, alertam os especialistas. Tão importante quanto orientar crianças e adolescentes é também saber escutá-los.
Mais do que nunca, a empatia se tornou essencial neste cenário de isolamento social, com as emoções mais à flor da pele, devido aos impactos da pandemia da Covid-19, e ainda com aulas transitando entre o ensino remoto e o presencial. Tudo muito instável e inseguro.
Nesse sentido, a escuta ativa concentra-se em entender os pormenores do que é dito. “A escuta ativa demanda enxergar a criança em sua complexidade de atos, desejos, frustrações, emoções e sair do senso comum para entendê-la melhor. Portanto, tem mais a ver com a postura de quem ouve, do que propriamente o simples ato de ouvir”, explica Priscila Griner, educadora e diretora da Casa Escola.
Neste recente momento de retorno às aulas presenciais, após a liberação das autoridades governamentais, Cíntia Jacques viveu uma situação curiosa com seu filho Arthur, 11, aluno do 6º ano da Casa Escola: ele se recusou a ir para a escola. “Para mim, foi uma grande surpresa a atitude dele e dos colegas de turma, isso me assustou muito porque foi sempre uma turma muito unida, que está junta há quase dez anos e agora ele não queria ir mais para a escola encontrar os amigos”, relata Cíntia, que também é psicóloga.
Após um momento de conversa, a mãe entendeu que o filho estava com esta compreensão porque considerava mais trabalhoso sair para ir à escola. “Ele alegou que no online não precisava acordar tão cedo nem tomar banho, quando a aula acabava ele já estava em casa, além disso, ele argumentou que no intervalo não podiam correr, nem brincar junto um do outro”, comenta.
Cíntia conta que buscou o auxílio da professora que é tutora do filho e expôs a situação e suas preocupações. “Conversamos e me foram esclarecidas as mudanças e adaptações feitas para proporcionar essa reintegração das crianças ao ambiente escolar”, comemora.
Sobre esta situação, Priscila Griner relata que foi possível compreender os impactos do isolamento no aluno, há tanto tempo em casa, e em diálogo mostrar para ele que havia o caminho possível de retorno às aulas, o que ele superou sem maiores dificuldades. “Por meio da escuta ativa, ele pode se colocar para os pais em um ato de confiança e os pais confiaram na escola, sem banalizar a situação”, exemplifica a educadora.
“Esta conduta de proporcionar um espaço para que o aluno e seus familiares saibam que têm voz e que contam com pessoas prontas para ouvi-las é uma prática importante no ambiente escolar. Isto não significa deixar os estudantes exercerem suas próprias vontades sem limites ou regras. Mas, sim, valorizar a relação entre aluno e professor a partir da empatia, abrindo espaço para uma comunicação autêntica”, enfatiza Priscila Griner.
Estes espaços de escuta ativa no ambiente escolar, ela acrescenta, não se limitam a momentos com hora e dia marcados, eles são intrínsecos à conduta de relacionamento no cotidiano. “Pode ser na sala de aula de forma coletiva ou nas assembleias, nos conselhos, nas tutorias, além da possibilidade de o aluno solicitar uma conversa particular com o professor, psicólogo escolar coordenador, ou até com a direção”.
“A escola é um local em que a criança convive diariamente e transporta consigo não apenas seus livros, mas uma bagagem de vida. Neste ambiente, além do conteúdo a ser ministrado, também são considerados vários aspectos da vida da criança que a permitam estar mais saudável física e emocionalmente no social”, frisa Priscila.
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