Uma a cada sete crianças com menos de cinco anos estão com excesso de peso ou obesidade; especialista explica risco desses alimentos e orienta como tornar a volta às aulas mais saudável
Com o fim das férias e o retorno das crianças às salas de aula, além do material escolar, a alimentação também deve ser considerada uma prioridade. Apesar de aparentemente inofensivos, alimentos ultraprocessados como biscoitos, salgadinhos e sucos de caixinha apresentam riscos à saúde. A nutricionista e docente de Nutrição da Estácio, Eva Andrade, explica os perigos de consumir esse tipo de produto e a importância de implementar uma alimentação saudável no dia a dia dos pequenos.
“Alimentos ultraprocessados são produtos fabricados industrialmente que contêm ingredientes que geralmente não são encontrados em uma cozinha comum, como adoçantes artificiais, emulsificantes, conservantes e corantes. Exemplos incluem refrigerantes, salgadinhos, doces industrializados, massas instantâneas e outros. Eles tendem a ter alta quantidade de açúcares, sódio e gorduras insaturadas, o que diminui o valor nutricional dos alimentos e contribui para problemas de saúde quando consumidos em excesso”, explica a docente.
De acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional 2023, do Ministério da Saúde, a cada sete crianças brasileiras, uma está com excesso de peso ou obesidade. Isso representa 14,2% das crianças com menos de cinco anos, enquanto a média global é de 5,6%. Já entre os adolescentes, a taxa é ainda mais elevada e atinge 33% do total.
“Uma má alimentação na infância pode gerar diversas consequências porque crianças com hábitos alimentares inadequados têm maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas na vida adulta, como diabetes tipo 2 e obesidade, por exemplo, onde o aumento do peso pode afetar também a autoestima da criança, além da sua saúde física. Somado a isso, as deficiências nutricionais podem prejudicar o crescimento e o desenvolvimento”, pontua Eva Andrade.
Pequena refeição, grande impacto
Apesar de ser uma refeição rápida no intervalo entre as aulas, o lanche escolar pode ter uma grande relevância no desempenho das crianças ao longo do dia, tendo um impacto significativo na saúde.
“O lanche que as crianças consomem na escola pode ter um grande impacto em sua saúde como um todo. Lanches ricos em açúcares e gorduras saturadas podem levar a picos de energia seguidos por quedas bruscas, afetando a concentração e o desempenho escolar. Além disso, uma alimentação inadequada pode contribuir para problemas de saúde a longo prazo, como obesidade e diabetes tipo 2”, continua a nutricionista.
E para introduzir uma alimentação mais saudável na rotina dos pequenos, os pais podem montar um planejamento semanal dos alimentos que serão consumidos, além de incluir as crianças no processo de escolha e montagem da lancheira.
“É importante incluir frutas e vegetais, opções como frutas picadas e palitos de cenoura são saudáveis e coloridos. Optar também por uma divergência e criatividade, transformando alimentos saudáveis em pratos divertidos. E a participação das crianças pode ser o ponto chave, permitindo que elas escolham entre opções saudáveis, o que pode aumentar o interesse por elas. Hidratação adequada também é muito importante, oferecer água ou sucos naturais ao invés de refrigerantes”, recomenda a especialista.
Eva Andrade realça ainda o papel do nutricionista nas escolas, essencial para desenvolver refeições balanceadas e que atendam às necessidades nutricionais das crianças. “Os nutricionistas, além de montarem refeições saudáveis, também trabalham em conjunto com a equipe escolar para avaliar e atender às necessidades alimentares dos alunos, incluindo intolerâncias e alergias. Também podemos promover palestras e atividades educativas sobre a importância de uma alimentação saudável e oferecer orientações para práticas mais saudáveis, ajudando a mudar a cultura alimentar da escola”, finaliza a docente.
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